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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

20 anos de Banco do Brasil, uma despedida dolorosa pro Buga

20 anos de Banco do Brasil: trajetória, despedida e reflexões

 Esse mês faria 20 anos de Banco do Brasil, faria, porque em Janeiro fui meio que obrigado a pedir demissão, meio porque a outra opção seria demissão por justa causa devido abandono de emprego. 

Figura 1 - Volta agora, peça demissão ou será demitido por justa causa

Senti na pele que para a maioria das empresas somos apenas um número, mais nada! 

Não tive uma das mais brilhantes trajetórias profissionais, entrei no banco ainda moleque, cursava o 2º ano de Engenharia Química aqui na Unicamp, em período integral, trabalhava 6 horas na agência Barão de Itapura, das 12:00 às 18:15, logo de inicio trabalhei no PAB da Telesp, depois fecharam o PAB e fui pra agencia propriamente dita, as vezes ia pro pab do CPQD do lado de casa, mas sempre eu conseguia assistir as aulas no período da manhã e as do noturno, tomava umas cervejas quase que semanalmente com o pessoal de lá, seja no posto, na cachaçaria, no Farol do Pirata, na casa do Vidson, na casa do Capela, lá em Sousas no Benito, no meu apartamento aqui em Barão, lá em Valinhos na casa do Japonês e em tantos outros lugares legais e alguns nem tanto, hoje a memoria já começa a pecar, preciso reaviva-las encontrado o pessoal. 

A turminha lá da Barão de Itapura era bem legal, alguns tenho contato até hoje, o filho do Zen fez medicina na Unicamp algumas turmas depois da Ju, sempre encontro ele em eventos do pessoal da medicina, moleque gente fina, igual o pai! Outros viraram amigos pra vida toda, alguns sumiram e nunca mais tive notícias, o Fabricio tinha voltado pra Manaus, achei que nunca mais o veria, encontrei ele uma das vezes que fui pra floresta amazonica e alguns anos depois ele se mudou pra Brasilia e nos trombamos algumas vezes por lá,.. enfim é o curso natural da vida, pessoas vem e vão... 

Eu me formaria quase sem nenhum atraso, nessa época a gente não pensa muito no futuro, ainda mais num futuro profissional, eu vendia meu tempo pro banco e ele me pagava um ordenado que era muito bem vindo.... Ao me aproximar do final da faculdade eu tinha que fazer estágio para me formar, os estágios, não lembro ao certo, mas pagavam por volta de 700 reais, eu lembro que meu salário era quase 3 vezes mais que isso, e voce se acostuma muito fácil com gastar quanto você ganha, na verdade sempre faltava algum no final do mês, na ponta do lápis não ia dar.

Fiz estágio só pra poder formar mesmo, fiquei uns meses indo pra Acme, firma do pai do Amaral de rodas de empilhadeira e acabei saindo de lá com a brilhante ideia de montar uma fábrica de rodinhas de skate, mas isso é outra história,.. mudei de agência quando o Wagner deixou de ser o gerente geral e foi virar superintendente, nunca mais tinha tido noticias dele, esses dias recebi um informe aos acionistas, virou diretor, não sei do que... enfim, meu santo nao bateu com o gerente novo, eu havia separado da Vera e trabalhar junto nao estava nem um pouco legal, o Vitão tinha saido do banco, o Christian também, o Andre tinha ido pra Europa...enfim, tava na hora de mudar, mas nao tinha um processo para troca de lugar de trabalho em vigencia no banco, cheguei a prestar concurso de novo pra tentar trocar de agencia, apareceu uma vaga antes de chegar o resultado do concurso... 

http://www37.bb.com.br/portalbb/resultadoConcursos/resultadoconcursos/arh0_lista.bbx?cid=169

Figura 2 - Volta agora, peça demissão ou será demitido por justa causa

Embarquei num projeto piloto de agencias nivel V, disruptivo pra época, uma agencia sem caixas! Fiquei um tempo na superintencia trabalhando com a Graça pra abrirmos a agencia, era no Shopping Dom Pedro, do lado de casa. Era eu de caixa, a Graça, o Marcos, a Chris (nunca mais tive noticias) e a Carla, turma excepcional também! Nesse meio tempo caiu a ficha que eu nao ia trabalhar de engenheiro mesmo, o salario do trainee ou do engenheiro recem formado já levava fumaça do meu trabalho no banco, ainda mais que a agencia era minuscula e quando a Graça saia tinha substituição, teve um ano que eu fiquei de gerente da agencia no mes do decimo terceiro que digo pra voces, nunca tinha visto tanto dinheiro na minha conta, no final do ano na segunda parcela do decimo terceiro, tive que fazer emprestimo pois ao inves de receber salario, tive um desconto em folha dos bons! Retomando a cronologia... fui atras de seleções internas para tentar virar gerente, nunca fui fã do TAO, sistema de "talentos e oportunidades" tinham falhas e mesmo voce estando bem classificado o que vale sempre é a entrevista e nessas, nunca, nunca me dei bem, sou um cara muito eu e não consigo deixar passar ou interpretar um papel. Eu escutava, poxa Buga, ao menos nao vai de toca e de tenis pra entrevista, pare de perguntar se a entrevista é séria ou se já tem alguem escolhido pra vaga! Não gosto, nunca gostei, nao encaro esse tipo de teatro! 

Não lembro ao certo o como ou porque, deve ser coisa do TAO... acabei sendo aprovado para cursar um MBA patrocinado pelo banco na FGV para executivos, show de bola, vamos que vamos, já que eu ficaria no banco mesmo, vamos investir... nesse meio tempo eu estava com a fabrica de rodinhas rodando, com bolsa de ingles do banco, cursando Quimica com a irmã do Boy e fazendo mestrado com o Paoli em plasticos degradáveis, pra variar não deu pra largar o banco ṕra receber bolsa de mestrado, declinei a bolsa e o mestrado estava rodando sem patrocinio... em teoria eu não poderia receber bolsa se eu tivesse um emprego, regras sao regras, vai entender!...

Sei que um dia na agencia de noticias apareceu um "processo seletivo" pra trabalhar na Diretoria de Tecnologia, nao tinha pre requisito muito claro, me inscrevi no TAO e acabei sendo convocado pra entrevista, sabe-se la porque fui fazer em Curitiba, aproveitei dei uma passada lá em São Bento do Sul pra visitar o Jean e fechei a compra da fabrica de shapes dele! Outra historia das boas! O processo seletivo foi muito interessante, lembro bem ainda, acho que pelo ineditismo da situação e pela transparencia no processo, pela manha um bate papo com 3 entrevistadores e 6 candidatos, e a tarde uma conversa tecnica sobre assuntos de tecnologia, eu até então de tecnologia só sabia programar em assembler de micro, foi um show de horrores, não sabia responder nada, mas sempre sobrava algo de lógica e bom senso que dava pra dar uns pitacos! Eu depois da terceira pergunta que passei, pedi desculpas por estar ali desperdiçando o tempo do pessoal, mas falaram que nao tinha problema e vamos em frente, no final do dia tivemos o feedback, lembro bem chamaram cada candidato individualmente e eu fui o ultimo, acho que aquele dia, só o Idelvan passou, o Evaristo nem lembrava dele, mas quando ele chegou lá por Brasilia a memoria ativou, pra ele nao tinha sido daquela vez, mas pŕa mim foi e foi muito doido, entrei na sala, a entrevistadora me descascou, que minha postura não é adequada, que parece que eu estava lá de brincadeira, que nao era nem pra eu ter me inscrito se não tinha formação em tecnologia e bla bla bla, ali rolou aquela lagrima velada e a engolida seca, agradeci e estava pra me levantar da cadeira e o Osiris falou, espera, não acabou, pensei caralho, vai me por mais pŕa baixo ainda, mas não ele falou com um ar de "vou te dar o beneficio da dúvida", que embora eles 3 concordassem com o que - cara, não lembro o nome da japa, vou ter que perguntar pro michel - ela disse, eles acharam que eu tinha grande potencial e que seria dado um treinamento a todos que fossem ṕra Brasilia trabalhar na Diretoria de Tecnologia (DITEC) pois quase nada do que se ensina na faculdade era utilizado por lá. Parabéns Buga, voce esta aprovado, quando finalizarmos o processo entramos em contato.

Nesse meio tempo, acabei saindo da agencia do Dom Pedro e voltado pra Barão de Itapura, tinham inventado no TAO um sistema de remoção automatica e lá fui eu trabalhar num PAB dentro do elefante branco CTI Renato Archer lá na Dom Pedro, num belo dia a Paula me liga perguntando se eu ainda estava a fim de ir pra Brasilia, já devia ter passado um ano da entrevista em Curitiba, não tinha desencanado, mas estava com poucas esperanças... respondi que precisava de uns dias pra pensar, conversei com minha mãe, com o Allan, com meu pai e com a Ju e ficamos assim, o seu Irá ia cuidar da fabrica, a Ju ia terminar a residencia e eu em Janeiro ia pra Brasilia trabalhar na Ditec!

A Ju descolou um republica no Cruzeiro de um menino da Unb pra eu morar e lá fomos nós de carro levando tudo que coube no Uninho e que eu fosse precisar nos proximos meses, Chegamos em Brasilia num dia chuvoso, cai num buraco, entortou a roda, tive que trocar o pneu na chuva, nao tinha waze ainda, google maps idem, na real nem lembro como que conseguimos chegar no apartamento do cruzeiro. Sei que não fui uma bela impressão que tive da cidade nesse meu primeiro contato.

No treinamento conheci mais um monte de colegas que tinham acabado de largar tudo pra trás e assim como eu se aventurado no planalto central, eu diferente dos demais, tinha caido de paraquedas, afinal não tinha formação ou conhecimento de informatica. O treinamento foi longo e bem completo, sai de lá com muitos amigos - que nos acompanharam todos os anos que tivemos em Brasilia - e como um desenvolvedor mainframe!... Sabia JCL, Cobol, DB2, Natural, sabia usar o Roscoe e apertar F1 se tivesse alguma duvida no TSO, alguns instrutores eram muito bons, outros nem tanto, tiveram provas bem difíceis, programas elaborados, testes, palestras, apresentações, posso dizer que foi um belo dum aprendizado. 

Saindo do treinamento fui parar na equipe do autorizador, fiquei com medo, me disseram que era o coração do sistema, naquele ponto a gente já tinha um conhecimento do que era o sistema VIP pois ledo engano quase todos do curso iriamos trabalhar com cartão e assistimos algumas palestras sobre o sistema, nunca me imaginei com tanta responsabilidade, basicamente os módulos que eu trabalharia são os responsáveis por aprovar ou não uma compŕa com o cartão de qualquer cliente do Banco do Brasil.

O que mais devo ter feito na Ditec foram cursos, cara, como eu estudei, aprendi como que funcionava o sistema de pagamentos com cartões, fiquei craque na ISO8583, aprendi como funciona o chip do cartao, criptografia, assembler de mainframe, GRI, CICS, DB2, VSAM e mais uma salada de letrinhas, aprendi a usar os simuladores de transações das bandeiras (bandeiras são a Visa, Mastercard) quando entrei tinha só essas duas, depois fizemos o sistema processar Amex que nem tem mais, algum tempo depois surgiram com a bandeira Elo, foram muitos anos de aprendizado e trabalho duro.

Tive promoção seguida de promoção, não acredito que só por mérito, estava no lugar certo na hora certa, e o santo do chefe Mané bateu legal com o meu, tinha gente que nao curtia ele não, eu achava um cara justo, as vezes meio escroto, mas dava pra levar numa boa... talvez algumas madrugadas com o Luizinho junto vendo a dedicação da equipe, enfim, a gente era muito phoda e a galera de cima sabia disso e nos recompensou, na equipe do autorizador depois de 2 anos que eu estava lá, todos nós já estavamos com cargo de analista senior. 

Figura 3 - Convite comemoração promoção/aniversário do Buga 

Iamos pra Sao Paulo participar de treinamentos com as bandeiras, reunioes na Visanet e na Redecard, testes na TecBan, cheguei a ir pros Estados Unidos com o Perez, ali foi o ápice da minha carreira e a certeza que quando o Cabelo aposentasse eu ficaria com a vaga de consultor dele, afinal pra gerente eu nunca tive o "perfil". 

Me especializei de um tanto que ainda hoje consigo lembrar de trechos do código dos programas OFOVPIN (que um dia achei que iria reescreve-lo), das chamadas com start de transacao com reqid para derrubar e seguir depois de 1 segundo (será que o CICS já baixou esse tempo, preciso estudar isso) se nao tivemos resposta, do OFOVCTL e a trilha 2 compactada que era um parto pra abrir e processar o CVV da trilha, do OFOMCTL... e seu clone limpinho que fizemos pra processar Amex OFOACTL e depois pra processar elo, o OFOECTL, muito criativos nós eramos para os nomes! Lembro de campos nos books FMLxx, das telas do OFCJ, de mapas BMS feitos para parecer identicos a um mapa feito no natural, dos experimentos com programas em C que quse ninguem usava, do book GRMKFAS, muito firmeza pra ajudar nosso trabalho com novos programas e log automatico de erros ou mesmo as subrotinas que pediamos pra equipe do Nakanishi desenvolver pra gente. 

Creio que hoje no Brasil não existam nem 30 profissionais que detenham conhecimento similar ao meu no Vision Plus que sejam especializados no FAS, mas isso não significa nada, para a empresa, como já disse, voce é apenas um número mais nada.

A perda do Naffer foi um grande baque, era um profissional fantastico, muito do que aprendi veio dele, sem falar que ele sempre me acompanhava nas madrugadas de implantações. 

Figura 4 - Tinha dia que a gente trabalhava bastante mesmo!

O Vinicius nasceu, falei que meu ritmo iria diminuir, logo depois o Perez aposentou e com ele a vaga de Analista Master / Consultor foi junto, fui perdendo um pouco do entusiasmo, do tesão pela coisa, perdendo a garra, continuava dando treinamentos, ensinando o que eu sabia pro colegas, conheci praticamente a Ditec toda com essa historia de multiplicador, isso eu ainda gostava de fazer, nao tinha mais a cenoura lá na frente pra ir buscar e isso me incomodava, estava prestes a ter mais uma daquelas reviravoltas na vida!...  

Aparece na agencia de noticias processo seletivo pra trabalhar na tecnologia em Sáo Paulo, eu já tinha pedido ao longo dos anos pra voltar pra sampa, mas a galera sempre me ajudando com a cenoura la na frente e fomos ficando, já tinha ido pra Sao Paulo algumas vezes pra ensinar Cobol Cics com Container pro pessoal e pensado que um dia poderia ir trabalhar lá..,agora nao ia ter mais jeito, a Ju nunca gostou mesmo de Brasilia, meu tesão tinha diminuido um montão, me inscrevi pra seleção, mesmo cargo que eu tinha mas pra trampar em sampa, fiz o processo, passei, em Dezembro estavamos de volta a Campinas e em Janeiro comecei uma das fases que mais me fodi na vida...

O trampo era de boas, pessoas sensacionais, sem muitos desafios, sem plantao, sem trabalhar de madrugada, sem a Dicar ligando pra analisar alguma coisa urgente, sem treinamentos nas bandeiras, mas com uma pegada diferente, acharam que eu tinha pinta pra educador corporativo, era tipo um premio de consolação por nao ter sido promovido la em Brasilia e quando eu desse treinamentos minha remuneração seria compativel com a do cargo de consultor... no ano que passei em São Paulo aprimorei os treinamentos que eu dava, fiz inumeros treinamentos e virei o tal do Educador Corporativo, apice 2 da carreira, daria pra ficar lá até aposentar, fazia o trampo direitinho, chegava no horario, o pessoal foi bem acolhedor, mas o estilo era outro, nunca fui num happy hour com a equipe de São Paulo, num churrasco, o pessoal era colega de trabalho, não amigo, igual os que fiz na época da agencia e lá na Ditec, estava complicado minha cabeça, nao ficava o tempo que eu queria ficar com o Vinny, o tempo perdido no fretado e no Cometa me tiravam do sério, não aguentei o tranco, achei que ia ser tranquilo morar em campinas e trabalhar em sao paulo, mas nao dei conta não, depois de um ano, fiquei tristão, deprimi e vi que precisava de um tempo. O Paulo Vaz entendeu completamente meu pedido de afastamento do banco e um ano depois da minha chegada estava eu de licença interesse nao remunerada do Banco do Brasil.

Tentei voltar algumas vezes desde que sai, mas nunca deu certo.... Em Janeiro de 2020, ao inves de eu tentar voltar, o banco resolveu que eu voltaria, mas não pra trabalhar com tecnologia, onde passei 10 anos e conheço o oficio e que aprimorei bastante os conhecimentos nos ultimos anos... era para trabalhar de escritutario em uma agencia em São Paulo, como já disse nunca tive uma carreira, fui na onda, mas voltar pra estaca zero depois de 20 anos nao ia dar, se fosse aqui por Campinas talvez tivesse voltado, afinal pra ganhar 4 conto por mes fazendo uns apertos até que daria, mas pra sampa e eu lembrava bem do tempo que fiz a loucura de ir e voltar todo dia sem chance.

Na maioria do tempo que fiquei no banco me diverti a beça, aprendi muito mesmo, conheci pessoas fantasticas, tive alguns dessabores, mas não acho que minha "carreira" deveria terminar assim.

Figura 5 - Crachas do Buga no BB

E-mail que enviei depois que tentei conversar com alguem de gestao de pessoas, tentando alguma alternativas, mas foi em vão, afinal era eu, apenas um numero, mais nada.

Minha história no BB não deveria terminar assim...

Saudações,

Meu nome é Buga e escrevo esse e-mail com lágrimas nos olhos.

Entrei no BB em 2001 e estou em licença interesse desde 2015. Certa vez fiquei desempregado e tentei retornar ao BB. Conseguimos o "de acordo" das pessoas necessárias, mas infelizmente ocorreram mudanças no banco e não foi possível.

Eis que de repente recebo uma convocação para voltar. Infelizmente nas condições propostas não será possível: morar em outra cidade, começar tudo de novo, jogar fora toda minha experiência adquirida em TI tanto no BB como "no mercado", sem mencionar que as contas não fechariam e a minha família seria resistente a mais uma mudança.

Sou grato pelos anos que passei no BB e espero que as políticas e normativos sejam revistos para que a empresa não perca outros funcionários que investiram tanto na formação e que conhecem alguns sistemas, produtos e serviços como poucos.

Não pretendia escrever sobre minha história no Banco do Brasil ou depois dele, mas já escutei que minha saída do Banco é uma situação em que todos perdem, e no fundo eu acredito que isso seja verdade.

Desde que fui para a DITEC em 2006 sempre trabalhei no autorizador do cartão de crédito (cujo uso crescia rapidamente), sistema fascinante! Trabalhávamos muito, mas éramos a cara do BB para cliente. Perdi a conta das madrugadas, finais de semana, feriados e datas comemorativas que ficavamos tensos trabalhando para que tudo desse certo. Participei de projetos grandiosos e sempre me realizei quando via o resultado final!... Saudades do pessoal e por vezes, por que não, do proprio sistema, seja ele o GRM, o VisionPlus ou mesmo o PPG.

Ainda sobre minha formação: o TAO ainda deve existir e uma das poucas coisas que deve ter mudado no meu "curriculo" é que deixei de ser educador corporativo (adorei o treinamento, um dos mais intensos que já participei) provavelmente a regra/normativo não deve ter mudado e como não atuei ensinando mais ninguém a desenvolver em Cobol no BB nos ultimos 2 anos, precisaria de reciclagem.

Nos anos fora do BB não parei de estudar. Fiz uma pós graduação em desenvolvimento de sistemas mainframe com o pessoal do extinto HSBC lá de Curitiba, e uma dúzia (sem exagero) de certificações em TI das mais variadas (meu curriculo vai em anexo) desde especificação de requisitos - que esta fora de moda com as Metodologias Ágeis - passando por certificação Scrum, Lean, de testes e até uma aventura pelo mundo da nuvem que me deu o titulo de "Google certified Professional Cloud Architect" o qual para alguém que sempre trabalhou e se especializou em mainframes me dá orgulho.

Como o Mainframe não podia ser deixado de lado no meu período fora do BB tive duas passagens pela IBM, aprendi bastante coisa nova sobre mainframes, aproveitei e me certifiquei como desenvolvedor CICS e DB2 além de umas 2 dúzias de badges de treinamentos diversos (sem exagero 2).

Em relação ao trabalho fora, além da IBM que já citei, trabalhei na Stefanini como consultor mainframe na fábrica de software, onde dava treinamentos para estagiários que estavam adentrando o mundo do mainframe.... Tive também uma experiência magnifica de transformação digital junto a CI&T que tinha como mote ensinar outras empresas a trabalhar com as metodologias ágeis.

Obrigado pelo tempo e atenção dispensada, espero de verdade que em algum momento nos processos do Banco deixemos de ser apenas uma "matrícula inativa" e que tenhamos nossa historia levada em consideração.

Não era de minha intenção a saída definitiva do banco nesse momento e foi muito desagradável receber um e-mail dizendo simplesmente que eu "posso pedir minha demissão na minha agência de relacionamento."

Me afastei do BB na época por motivos familiares de adaptação e não por não gostar do meu trabalho. Gostaria sinceramente que esse tipo de resposta que recebi dos contatos que tive com o pessoal da DIPES/GEPES não fossem enviadas para mais ninguém...

Fui,
Buga

terça-feira, 18 de agosto de 2020

Certificação - Kanban Foundation (KIKF) - Kanban Institute

Certificação Kanban Certiprof – Relato e Materiais

Não foi difícil, uma prova média, mas o material de estudo não é completo e não abrange todas as perguntas da prova. Fiz pela Certiprof na faixa, talvez só com o material não dê pra passar de primeira.

Materiais de estudo

Manual Kanban do Scrum.org:

Baixar Manual Kanban do Scrum.org (PDF)

Slides Treinamento CertProfi:

Baixar Slides Treinamento CertProfi (PDF)

Certificado Buga - Kanban

Figura 1 - Certificado KIKF - Buga

sexta-feira, 7 de agosto de 2020

Manual do proprietário Rossi - Condominio Casas de Gaia, Barão Geraldo, Campinas - SP

Desenho capa manual proprietario Casas de Gaia
Figura 1: Capa Manual Proprietario Casas de Gaia

Download do conteudo do DVD do proprietário

Manual do Proprietário – Casas de Gaia (Rossi e GNO)

Este post traz um resumo do Manual do Proprietário do condomínio Casas de Gaia, entregue pela Rossi e GNO. O manual é essencial para quem acabou de receber as chaves ou deseja entender melhor os cuidados, garantias e manutenção do imóvel.

Introdução

O manual orienta sobre o uso, conservação e manutenção do imóvel, direitos e deveres do proprietário, procedimentos em caso de reformas, e como garantir a durabilidade e segurança da unidade. A responsabilidade pela manutenção começa no momento do recebimento das chaves.

Principais Tópicos do Manual

  • Alvenaria Estrutural: Não remova ou altere paredes estruturais, nem faça rasgos para embutir tubulações. Qualquer modificação pode comprometer a estabilidade e resultar em perda de garantia.
  • Cobertura – Telhado: Telhas cerâmicas do tipo americana. Recomenda-se inspeção frequente para evitar infiltrações e garantir a conservação do telhado.
  • Esquadrias de Madeira e Alumínio: Dicas de limpeza, manutenção e cuidados para evitar danos e perda de garantia.
  • Vidros: Limpeza com água e sabão neutro. Evite impactos, produtos abrasivos e marcas superficiais.
  • Impermeabilização: Atenção especial em áreas molhadas. Evite perfurações em pisos e paredes impermeabilizadas.
  • Revestimentos: Cuidados com cerâmicas, mármores, granitos, forros de gesso e pintura. Use produtos adequados para limpeza e manutenção.
  • Instalações Hidráulicas e Gás: Rede de água fria/quente, esgoto, gás GLP. Recomenda-se inspeção periódica, uso de registros e cuidados para evitar entupimentos e vazamentos.
  • Instalações Elétricas: Quadro de distribuição, disjuntores, tomadas, circuitos e dicas de segurança. Não troque disjuntores por outros de maior amperagem.
  • Equipamentos de Combate a Incêndio: Extintores instalados conforme normas. Siga as instruções e mantenha os equipamentos nos locais determinados.
  • Situações Especiais: Procedimentos em caso de incêndio, vazamentos de gás e água, e modificações no imóvel.
  • Garantias: Relação de prazos de garantia para cada item (esquadrias, instalações, revestimentos, estrutura, etc). A garantia pode ser perdida por mau uso, reformas não autorizadas ou falta de manutenção preventiva.
  • Fornecedores e Prestadores de Serviços: Lista de empresas responsáveis por projetos, execução e materiais utilizados na obra.
  • Memorial Descritivo: Detalhamento dos materiais, acabamentos, pisos, revestimentos, louças, metais, portas e esquadrias de cada ambiente do imóvel.
  • Anexos Técnicos e Plantas: Desenhos, esquemas hidráulicos, elétricos e instruções para fixação de objetos em paredes de drywall.

Dicas Práticas do Manual

  • Leia atentamente o manual e mantenha-o à mão para consultas futuras.
  • Respeite os prazos e recomendações de manutenção preventiva para não perder a garantia.
  • Consulte sempre profissionais qualificados antes de realizar reformas ou instalações.
  • Em caso de dúvidas ou problemas cobertos por garantia, acione o SAC da construtora.
  • Repasse o manual ao novo proprietário ou inquilino em caso de venda ou locação.

Links úteis

segunda-feira, 6 de julho de 2020

Manuais Changeman - Controle de versao mainframe

Manuais Changeman - Controle de Versão Mainframe

Manuais Changeman - Controle de Versão Mainframe

Atualização em 11/06/2025:

Este post foi revisado hoje com a ajuda do Perplexity AI (e quem sabe mais alguma IA que eu nem conhecia até agora!).

Fiquei lembrando da Borland, que era simplesmente o máximo nos anos 90 para qualquer dev (Delphi, Turbo Pascal, C++ Builder, etc).

Se você curte história de tecnologia, vale a pena ler In Search of Stupidity: Over 20 Years of High-Tech Marketing Disasters, que explica como a Borland colapsou: basicamente, uma sequência de decisões de marketing ruins, briga de egos, aquisições malucas e a concorrência feroz da Microsoft.

Depois, a Micro Focus dominou com o Mainframe Express e, agora, apareceu até a Rocket Software com documentação nova do Changeman, que eu nunca tinha ouvido falar.

A propósito, segue um link novo e funcional da documentação Changeman (Rocket Software):

https://docs.rocketsoftware.com/pt-BR/bundle?cluster=true&labelkey=prod_changeman_zmf


Vamos ver o que a IA gerou... olha, não gostei não. Demora muito, cria narrativa que não tem fundamento, baseia-se em uma fonte e essa fonte você não acha. Não segue uma linha cronológica de acontecimentos, não pega os fatos que levaram de A a D, simplesmente ignora o B e o C. Sei lá, ainda não está bom a ponto de deixar seguir a vida sozinha, mas já está muito, muito melhor que o bom e velho Watson que tive meu primeiro contato lá pelos idos de 2014, se não me engano.

À época fiquei deveras impressionado. Não avançou muito nesses últimos 10 anos. A IBM é incomparável na arte de inovar/criar um negócio totalmente doido, disruptivo de verdade e não conseguir/saber vender. E aí, depois de uns 5-10 anos, aparece algum gatuno, 'rouba' a ideia e faz dinheiro com isso. Sempre foi assim, desde os primórdios! Eu gosto muito, respeito a Big Blue, já passei por lá em duas ocasiões, mas olha, dá dó!

Não lembro direito, mas no livro que citei no comecinho deve ter! Não tudo, porque daria um livro só de grandes big fails da IBM, mas um ou outro deve ter sim.

Enfim, bora colocar o que a IA gerou e seguir com a vida...


Atualização em 11/06/2025:

Este post foi revisado hoje com a ajuda do Perplexity AI — e, sinceramente, é incrível como as inteligências artificiais vêm transformando a forma de pesquisar, cruzar informações e atualizar conteúdos técnicos e históricos. Ferramentas como essa permitem que a gente conecte fatos, datas e curiosidades que antes exigiam horas de garimpo manual.

No meio dessa atualização, acabei embarcando numa viagem nostálgica ao lembrar da Borland — uma verdadeira lenda para quem viveu o auge do desenvolvimento de software nos anos 80 e 90. Para muitos devs, Borland era sinônimo de inovação e produtividade: nomes como Delphi, Turbo Pascal, C++ Builder e Paradox marcaram época e criaram padrões de facilidade e qualidade em programação. Não à toa, muita gente dizia que “quem usava Borland, programava sorrindo

Mas, como tantas gigantes da tecnologia, a Borland também teve seus dias difíceis. O livro In Search of Stupidity: Over 20 Years of High-Tech Marketing Disasters conta em detalhes como decisões de marketing desastrosas, brigas internas e a concorrência implacável da Microsoft acabaram levando a Borland do topo ao declínio. No mundo tech, não basta ter o melhor produto: estratégia, timing e humildade para ouvir o mercado são fundamentais.

Linha do tempo do ChangeMan ZMF:

  • Serena Software: O ChangeMan ZMF nasceu e foi desenvolvido pela Serena, tornando-se referência em controle de versão para mainframe.
  • Micro Focus: Em 2016, a Micro Focus comprou a Serena e passou a controlar o ChangeMan ZMF, além de já ser dona de ferramentas como o Mainframe Express (cuja origem remonta à Merant, outra fusão histórica do mundo COBOL).
  • OpenText: Em 2023, a OpenText adquiriu a Micro Focus, levando junto o portfólio de produtos mainframe e ALM.
  • Rocket Software:Em 2024, a Rocket Software comprou da OpenText toda a divisão de Application Modernization and Connectivity (AMC), incluindo o ChangeMan ZMF, RUMBA, Reflection, ferramentas COBOL e outros clássicos do universo mainframe.

Ou seja, o ChangeMan já passou pelas mãos de Serena, Micro Focus, OpenText e agora está sob o guarda-chuva da Rocket Software, que tem histórico forte em soluções para mainframe, integração, modernização e automação de ambientes z/OS.

O universo mainframe, que muitos consideram “antigo”, segue se reinventando. Ferramentas clássicas como o ChangeMan continuam evoluindo, mostrando que tradição e inovação podem andar juntas — e que o legado dessas empresas ainda faz diferença para quem trabalha com missão crítica.

Fica aqui o convite para quem quiser explorar mais: segue um link novo e funcional da documentação Changeman (Rocket Software), que pode ser uma mão na roda para quem está lidando com controle de versão em ambientes z/OS ou simplesmente quer matar a curiosidade sobre como essas ferramentas evoluíram.


Conteúdo original do post permanece abaixo, eram só essas 2 linhas aqui abaixo! uauauauaua

Acho que nem lembrava que a Borland, sic, Microfocus tinha comprado o changeman.

https://www.microfocus.com/documentation/changeman-zmf/changemanzmf813/

quinta-feira, 14 de maio de 2020

Teclado Buga pro PCOMM - Personal Comunications - Emulador de terminal 3270 da IBM

Teclado Buga pro PCOMM - Personal Comunications - Emulador de terminal 3270 da IBM



Atualizacao em 06.06.2025
To aqui ressucitando velhos fantasmas!




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Aqui ó que maravilha - teclado do buga.kmp
Figura -1 : Teclado do buga.kmp

Captura de onde tem que ir pra configurar/apontar pro teclado personalizado
Figura 0: pcsws.exe em execucao









 Quem é das antigas igual eu, curte uma customizada no teclado do seu 3270, cada um trabalha de um jeito e sua produtividade aumenta bem quando esta trabalhando em algo que voce esta acostumado.


Estou usando o

Figura 1: pcomm 6.0


Devo ter algum mais novo ou mesmo um que nao seja Trial, mas enfim, vamos seguir com esse splash Screen que foi o que encontrei.


O teclado esta aqui.


https://drive.google.com/file/d/0B59qH6QDRq_uRDRCMGViTTV2bG8/view?usp=sharing



Que eu lembre onde deixei num futuro proximo que venha a precisar, porque hoje procurei e demorei pra achar!



Segue ultima configuração do Personal Communications que fiz aqui pra testar com o Zowe.


Se um dia perder o 3270 da IBM, tem desse cara aqui que da conta do recado para brincar.

Vista TN3270 - Tom Brennan

http://www.tombrennansoftware.com/download.html

http://www.tombrennansoftware.com/vista127_2014-11-12.exe

em todos os casos, vamos deixar o link aqui pra download da versao que baixei hoje (06.06.2025) 
https://drive.google.com/file/d/1cUnMYzfzCeKlJxkPI4E1VC0aP-U_DS9t/view?usp=sharing

quinta-feira, 16 de abril de 2020

Perdeu a senha do usuario do banco de dados ou alguem tem e nao sabe mais qual era! Show me password! Oracle SQL Developer

Show Me Password - Oracle SQL Developer

Sobre a versão que estou usando

Figura 1 - Sobre a versão que estou usando

Olha como fica bonitinho

Figura 2 - Olha como fica bonitinho

Oracle SQL Developer versao 4.0.3.16 nessa funciona a que subi aqui pra baixar!...

O site do malucao que fez o brinquedo:

http://show-me-password.tomecode.com/

Vai que eu perco e não consigo achar depois nos favoritos salvos.

Vai que um dia eu perco o link de verdade ou o site do cara some, ou mesmo o projeto lá no github (https://github.com/tomecode/show-me-password-sqldev-jdev) dá um problema, enfim, sempre bom garantir um backup - abaixo site do grande desenvolvedor dessa maravilha!...

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Show Me password

The "Show me password" is a simple extension for Oracle SQL Developer or Oracle JDeveloper i.e. simple extension (tool) that decrypts all saved (encrypted) password for database connections, application server connection, servers etc. in SQL Developer or JDeveloper.

Extension for Oracle SQL Developer (version: 19.x/18.x/17.x/4.x)

Show Me Password

Requirements

  • Oracle SQL Developer 4.x/17.x/18.x/19.x or higher
  • Java 1.7 (or higher)

Download and Install

  • Download the latest version of the extension for Oracle SQL Developer 4.x/17.x/18.x/19.x/23.x/... to your machine. The extension will be packaged as zip file - pls. don't unzip the extension;)
  • In SQL Developer, navigate to Help -> Check for Updates... Instead of choosing from the existing update centers, select the "Install From Local File" option, and specify the path to the zip file you downloaded.
  • Restart SQL Developer to complete the extension installation

How to use

  • If you click on the menu "File" > "Show Password," window will appear displaying table containing the following columns: connection name, database host, SID, username, and the decrypted (saved) password for each database connection stored in SQL Developer.

Note

  • If the extension fails to work, you can resolve the issue by removing the "system_cache" folder from the application directory: /SQL Developer/system*/system_cache e.g.: in windows: C:\Users\<user>\AppData\Roaming\SQL Developer\system<versonNumber>\system_cache and restart SQL Developer
  • Or just create new issue in github... and I will try to find some time to fix it;)

Extension for Oracle SQL Developer (version: 3.x)

Show Me Password

Requirements

Download and Install

  • Download the latest version of the extension for Oracle SQL Developer 2.x or 3.x to your machine
  • Unzip it and copy JAR file to the $SQL_DEVELOPER_HOME/sqldeveloper/extensions/
  • Restart SQL Developer to complete the extension installation

How to use

  • If you click on the menu: "File"->"Show password" a window will appear that contains a table (with columns: connection type, connection name, user name and decrypted (saved) password to database) with list of all stored connections in JDeveloper

Extension for Oracle JDeveloper 12c (version: 12.x/...)

Show Me Password

Requirements

Download and Install

  • Download the latest version (1.0.0) of the extension for Oracle JDeveloper to your machine. The extension will be packaged as a zip file - pls. don't unzip the extension;)
  • In JDeveloper, navigate to Help -> Check for Updates... Instead of choosing from the existing update centers, select the "Install From Local File" option, and specify the path to the zip file you downloaded.
  • Restart JDeveloper to complete the extension installation

How to use

  • If you click on the menu: "File"->"Show password" a window will appear that contains a table (with columns: connection type, connection name, user name and decrypted (saved) password to database) with list of all stored connections in JDeveloper

Extension for Oracle JDeveloper 11g (version: 11.x)

Requirements

Download and Install

  • Download the latest version of the extension for Oracle JDeveloper 11.x to your machine
  • Unzip downloaded extension and copy it to $JDEVELOPER_HOME_11g/jdeveloper/jdev/extensions/
  • Restart JDeveloper to complete the extension installation

How to use

  • It's the same as in other versions. :)"



quarta-feira, 13 de novembro de 2019

A delicada situação dos bancos (Itaú, BB, Bradesco, Caixa, Santander) frente a evolução tecnológica e o avanço dos bancos digitais.

A delicada situação dos bancos (Itaú, BB, Bradesco, Caixa, Santander) frente a evolução tecnológica e o avanço dos bancos digitais

O problema não é o mainframe, são os processos!

Tudo isso porque li uma matéria do Itaú...

https://economia.estadao.com.br/noticias/negocios,transformacao-com-fintechs-nos-angustia-toda-noite-diz-setubal,70002995258

Do nada me chega essa daqui abaixo (atualizado em 11.10.2019)

https://valor.globo.com/opiniao/coluna/o-principio-do-fim-para-os-grandes-bancos.ghtml

Segue meu texto original


De uma aula introdutória de economia lá nos idos de 1998 tomei conhecimento da ameaça de novos entrantes, nunca estudei a fundo, longe disso, mas as ideias do Michel Porter - esse das 5 forças e o famoso 4 P consegui pegar o principio, na minha Pós em Negocios Financeiros uns anos depois tive contato novamente e por vezes me deparei com o cenário! Eu mesmo já fui um novo entrante quando montamos a fábrica de rodinhas e shapes de skate. Bom, introdução feita, seguem os comentários...

Esses dias mesmo me peguei fazendo uma conta de padaria para estimar os valores desembolsados pelos bancos para a IBM, isso sempre foi uma barreira para a entrada de novos "players" no mercado... Você não poderia ter banco há alguns anos sem o processamento mega hiper blaster e sem igual de um mainframe! E isso amiguinho era muito caro, digo, é muito caro! Voltando a conta de padaria, não tenho os dados mas chuto que os top 4 (BB, ITAÚ, BRADESCO, CAIXA) devam ter algo perto de meio milhão de MIPS instalado cada um, isso em valores atuais deve ser algo em torno de uns 2.5 bilhões de reais - CAPEX como chamam os entendidos - e isso é só o valor pra comprar os computadores!!! Depois tem um valor mensal pelo uso (tanto dos softwares como do hardware), no mês eu chuto mais uns 30 milhões pra IBM desembolsados por cada um. Esse valor de largada inviabiliza qualquer tentativa de se abrir um banco! Ah, mas esses são os top 4, beleza pega o Santander que é o quinto - não lembro de cabeça e se sair para procurar perco a linha do raciocínio - mas ele gastou alguns bilhões pra montar o data Center aqui do lado de casa, o Itaú idem com Mogi. É um rio de dinheiro! Enfim, quero reafirmar que você não conseguia abrir um banco sem um mainframe.

Alguma coisa mudou, na década de 90 a "baixa plataforma" iria acabar com o mainframe, foram feitas algumas tentativas de migração de mainframe pra micro computador mas não era nem de longe alguém querendo abrir um banco eram os próprios bancos tentando reduzir a conta para com um grande sócio, a IBM. Resumo, não deu certo a capacidade de processamento estava muito aquém do necessário.

Alguma coisa mudou 2. Tudo evolui, o mainframe evoluiu, os micros também...

Sem falar em armazenamento!

Quando vi um mainframe pelo primeira vez me vi dentro de um microcomputador! Entende-se mainframe aqui como o andar inteiro onde ficava todo o aparato tecnológico necessário para o seu pleno funcionamento.

Bom, estou falando de armazenamento, pois bem, estava em desativação uma "colmeia", basicamente era um grande depósito de fitas magnéticas, um conjunto de módulos acoplados (acho que eram 12 no total) com um robô que se encarregava de pegar as fitas e carrega-las em disco quando alguém solicitava um arquivo que estava gravado em alguma das milhares de fitas que la estavam. Sabe a capacidade dessa colmeia ? 10 teras, o mesmo que a capacidade de 10 celulares top de linha da Samsung hoje!

A última vez que li as especificações de um mainframe lembro de algo que me chamou a atenção... Não é o objetivo, nunca foi, mas adaptou-se e o mainframe hoje (um único mainframe) consegue sozinho rodar algo em torno de 10.000 máquinas/servidores Linux, é algo assombroso pra uma máquina que tem o tamanho de uma geladeira de americano de duas portas, eu desconheço por completo como que a IBM comercializa isso, você ter um mainframe pra rodar Linux, mas existe e é muito legal para comparação.

Hoje é possível criar essa mesma quantidade de servidores/máquinas na Amazon/Google/ ou mesmo na própria IBM sem ter que desembolsar nada de investimento inicial, paga-se apenas o que usar!

O que aconteceu de mágico ? Nada!

Não foi algo disruptivo como afirmam, foi apenas uma evolução natural da tecnologia...

O que antes era uma vantagem competitiva e barreira a novos entrantes se tornou um dos maiores pesadelos dos grandes bancos, o mainframe!

É um baita dinheiro que se paga para a IBM, mas o processamento em PCs (bare metal, virtualizados, nuvem ou o que quer que seja) para os volumes que os grandes bancos possuem não fica muito mais barato a ponto de valer a pena monetariamente, mas mesmo assim eles estão caminhando para a transformação que pode significar sua derrocada em menos de uma década.

Para quem quer começar o custo do mainframe é proibitivo, porém do processamento em PCs é viável e atualmente já dão conta do processamento necessário.

O problema dos grandes bancos não é o mainframe, mas os processos internos que acabaram sendo incorporados ao longo das décadas.

Existem instalações que você sequer consegue ver a compilação de um programa pra tentar ajudar seu coleguinha! Código fonte de outro sistema ? Jamais! Consultar um dado de produção ? Ficou louco ?!?!

As disciplinas de computação que são ensinadas nas faculdades e que são vistas como verdade não possuem paralelo no mundo mainframe, mas mesmo assim tentam incorporar coisas que não fazem sentido, quer exemplo? Veja um teste unitário automatizado em Java, em mainframe sequer é possível fazer a analogia do que viria a ser o teste unitário! É outro conceito, não se aplica! Gasta-se um tempão fazendo atividades que não levam a lugar algum! Como um teste "mockado" que não chegou a ir no banco de dados, cara é mainframe, o banco vai estar lá...e funcionando!

A moda agora é o Ágil! Desculpe pessoal, mas deixa eu contar, o desenvolvimento de software no mainframe nasceu ágil!

Eu trabalhei em uma equipe que rodava ágil no mainframe antes mesmo de ser modinha ou mesmo de termos consciência que o que fazíamos tinha esse nome, os mais antigos sempre lembravam que antigamente todo mundo trabalhava igual a nossa equipe, mas eram outros tempos, fomos os últimos sobreviventes.

Nosso time era pequeno, multidisciplinar, autogerenciavel, todo mundo sabia exatamente o que o outro estava fazendo e se estava precisando de ajuda, éramos donos do negócio, tinhamos iniciativa, comprometimento, responsabilidade e autonomia ímpares! Fazíamos entregas rotineiras (2 a 3 vezes por mês) de novas funcionalidades e melhorias no sistema, realizavamos testes automatizados, controle de versão com retorno instantâneo em caso de deploy com problemas. Precisava de um dado de produção, tá aqui, na mão, agora! Eu mesmo acessava a tabela ou o arquivo para consultar o que quer que fosse necessário. Precisa corrigir um dado, processar algo urgente? Um job@ resolve seu problema e se for urgente, urgente mesmo da até pra rodar na janela do on-line! Por vezes esbarravamos em processos que iam além de nossos conhecimentos e poderes, mas devido a criticidade do sistema esses impedimentos eram resolvidos muito rapidamente, o ser um sistema crítico era o abre portas para que os processos rodassem rápido e que a ajuda chegasse a galope, uma pena pois deveria ser assim com todos os sistemas. Poderia falar horas a fio sobre isso, mas fica para outra oportunidade.

Os processos incorporados na rotina ao longo dos anos foi o que acabou fazendo com que projetos começassem a demorar cada vez mais.

No tempo de uma Sprint você sequer consegue enviar seu pacote para o ambiente de homologação!

Vai precisar adicionar uma coluna em uma tabela! Lá se foi sua Sprint e você nem viu sinal da nova coluna!

Ah, mas o problema é que não temos as ferramentas para DevOps no mainframe! Balela, tem tudo e nem precisa de nada novo, a própria IBM pra quem for preguiçoso tem o UrbanCode que faz um deploy automatico com interface gráfica e tudo! Não precisa nunca ter visto um Jcl na vida pra conseguir usar, mas isso é outro tópico e todos os grandes bancos têm suas ferramentas para deploy em produção de versões de aplicaçoes no mainframe de maneira automatica.

Sair do mainframe esperando que os tempos de projetos serão menores, que irão dar conta de lançar produtos na velocidade de uma startup é uma utopia!

Uma startup não tem um "by the book" a ser seguido, o cara precisa enviar pra produção uma alteração que não deu pra testar direito ele vai lá e manda se der problema ele volta e analisa.

Isso é inconcebível de acontecer hoje em dia num grande banco! Mesmo existindo ambiente de produção para baixa controlada se você fizer algo assim será demitido! Se bem que pensando aqui... a propria start up quando fica muito grande acaba incorporando os mesmos processos seguidos pelos grandes bancos e acaba perdendo seu grande diferencial e tem que contratar muito mais gente pra dar conta de um monte de coisa que não precisava e nao existia no começo! Mas isso é assunto pra outro dia.

Uma pena os bancos estarem gastando tempo com conversões de sistemas para "baixa plataforma" tentando ganhar velocidade na entrega de projetos ou mesmo iniciando projetos novos já em PCs sendo que o que precisam é somente voltar para suas raízes tecnológicas de 20, 30, 40 anos atrás.

Um banco digital a partir do zero, hoje em dia, sai em menos de 3 anos, já vi projetos de produtos/soluções bancárias que demoraram mais que isso!

Repito, o problema não é a tecnologia, mainframe ou PC, são os processos.

Entretanto, como não temos fintechs rodando mainframe só confirmarei isso daqui uns 10 anos quando os bancos tiverem concluído a migração quase que total do mainframe para PCs e os projetos continuarem demorando o mesmo tempo que outrora.


Encerrei como deu, to com sono, quando tiver tempo reescrevo.