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segunda-feira, 24 de agosto de 2020

20 anos de Banco do Brasil, uma despedida dolorosa pro Buga

20 anos de Banco do Brasil: trajetória, despedida e reflexões

 Esse mês faria 20 anos de Banco do Brasil, faria, porque em Janeiro fui meio que obrigado a pedir demissão, meio porque a outra opção seria demissão por justa causa devido abandono de emprego. 

Figura 1 - Volta agora, peça demissão ou será demitido por justa causa

Senti na pele que para a maioria das empresas somos apenas um número, mais nada! 

Não tive uma das mais brilhantes trajetórias profissionais, entrei no banco ainda moleque, cursava o 2º ano de Engenharia Química aqui na Unicamp, em período integral, trabalhava 6 horas na agência Barão de Itapura, das 12:00 às 18:15, logo de inicio trabalhei no PAB da Telesp, depois fecharam o PAB e fui pra agencia propriamente dita, as vezes ia pro pab do CPQD do lado de casa, mas sempre eu conseguia assistir as aulas no período da manhã e as do noturno, tomava umas cervejas quase que semanalmente com o pessoal de lá, seja no posto, na cachaçaria, no Farol do Pirata, na casa do Vidson, na casa do Capela, lá em Sousas no Benito, no meu apartamento aqui em Barão, lá em Valinhos na casa do Japonês e em tantos outros lugares legais e alguns nem tanto, hoje a memoria já começa a pecar, preciso reaviva-las encontrado o pessoal. 

A turminha lá da Barão de Itapura era bem legal, alguns tenho contato até hoje, o filho do Zen fez medicina na Unicamp algumas turmas depois da Ju, sempre encontro ele em eventos do pessoal da medicina, moleque gente fina, igual o pai! Outros viraram amigos pra vida toda, alguns sumiram e nunca mais tive notícias, o Fabricio tinha voltado pra Manaus, achei que nunca mais o veria, encontrei ele uma das vezes que fui pra floresta amazonica e alguns anos depois ele se mudou pra Brasilia e nos trombamos algumas vezes por lá,.. enfim é o curso natural da vida, pessoas vem e vão... 

Eu me formaria quase sem nenhum atraso, nessa época a gente não pensa muito no futuro, ainda mais num futuro profissional, eu vendia meu tempo pro banco e ele me pagava um ordenado que era muito bem vindo.... Ao me aproximar do final da faculdade eu tinha que fazer estágio para me formar, os estágios, não lembro ao certo, mas pagavam por volta de 700 reais, eu lembro que meu salário era quase 3 vezes mais que isso, e voce se acostuma muito fácil com gastar quanto você ganha, na verdade sempre faltava algum no final do mês, na ponta do lápis não ia dar.

Fiz estágio só pra poder formar mesmo, fiquei uns meses indo pra Acme, firma do pai do Amaral de rodas de empilhadeira e acabei saindo de lá com a brilhante ideia de montar uma fábrica de rodinhas de skate, mas isso é outra história,.. mudei de agência quando o Wagner deixou de ser o gerente geral e foi virar superintendente, nunca mais tinha tido noticias dele, esses dias recebi um informe aos acionistas, virou diretor, não sei do que... enfim, meu santo nao bateu com o gerente novo, eu havia separado da Vera e trabalhar junto nao estava nem um pouco legal, o Vitão tinha saido do banco, o Christian também, o Andre tinha ido pra Europa...enfim, tava na hora de mudar, mas nao tinha um processo para troca de lugar de trabalho em vigencia no banco, cheguei a prestar concurso de novo pra tentar trocar de agencia, apareceu uma vaga antes de chegar o resultado do concurso... 

http://www37.bb.com.br/portalbb/resultadoConcursos/resultadoconcursos/arh0_lista.bbx?cid=169

Figura 2 - Volta agora, peça demissão ou será demitido por justa causa

Embarquei num projeto piloto de agencias nivel V, disruptivo pra época, uma agencia sem caixas! Fiquei um tempo na superintencia trabalhando com a Graça pra abrirmos a agencia, era no Shopping Dom Pedro, do lado de casa. Era eu de caixa, a Graça, o Marcos, a Chris (nunca mais tive noticias) e a Carla, turma excepcional também! Nesse meio tempo caiu a ficha que eu nao ia trabalhar de engenheiro mesmo, o salario do trainee ou do engenheiro recem formado já levava fumaça do meu trabalho no banco, ainda mais que a agencia era minuscula e quando a Graça saia tinha substituição, teve um ano que eu fiquei de gerente da agencia no mes do decimo terceiro que digo pra voces, nunca tinha visto tanto dinheiro na minha conta, no final do ano na segunda parcela do decimo terceiro, tive que fazer emprestimo pois ao inves de receber salario, tive um desconto em folha dos bons! Retomando a cronologia... fui atras de seleções internas para tentar virar gerente, nunca fui fã do TAO, sistema de "talentos e oportunidades" tinham falhas e mesmo voce estando bem classificado o que vale sempre é a entrevista e nessas, nunca, nunca me dei bem, sou um cara muito eu e não consigo deixar passar ou interpretar um papel. Eu escutava, poxa Buga, ao menos nao vai de toca e de tenis pra entrevista, pare de perguntar se a entrevista é séria ou se já tem alguem escolhido pra vaga! Não gosto, nunca gostei, nao encaro esse tipo de teatro! 

Não lembro ao certo o como ou porque, deve ser coisa do TAO... acabei sendo aprovado para cursar um MBA patrocinado pelo banco na FGV para executivos, show de bola, vamos que vamos, já que eu ficaria no banco mesmo, vamos investir... nesse meio tempo eu estava com a fabrica de rodinhas rodando, com bolsa de ingles do banco, cursando Quimica com a irmã do Boy e fazendo mestrado com o Paoli em plasticos degradáveis, pra variar não deu pra largar o banco ṕra receber bolsa de mestrado, declinei a bolsa e o mestrado estava rodando sem patrocinio... em teoria eu não poderia receber bolsa se eu tivesse um emprego, regras sao regras, vai entender!...

Sei que um dia na agencia de noticias apareceu um "processo seletivo" pra trabalhar na Diretoria de Tecnologia, nao tinha pre requisito muito claro, me inscrevi no TAO e acabei sendo convocado pra entrevista, sabe-se la porque fui fazer em Curitiba, aproveitei dei uma passada lá em São Bento do Sul pra visitar o Jean e fechei a compra da fabrica de shapes dele! Outra historia das boas! O processo seletivo foi muito interessante, lembro bem ainda, acho que pelo ineditismo da situação e pela transparencia no processo, pela manha um bate papo com 3 entrevistadores e 6 candidatos, e a tarde uma conversa tecnica sobre assuntos de tecnologia, eu até então de tecnologia só sabia programar em assembler de micro, foi um show de horrores, não sabia responder nada, mas sempre sobrava algo de lógica e bom senso que dava pra dar uns pitacos! Eu depois da terceira pergunta que passei, pedi desculpas por estar ali desperdiçando o tempo do pessoal, mas falaram que nao tinha problema e vamos em frente, no final do dia tivemos o feedback, lembro bem chamaram cada candidato individualmente e eu fui o ultimo, acho que aquele dia, só o Idelvan passou, o Evaristo nem lembrava dele, mas quando ele chegou lá por Brasilia a memoria ativou, pra ele nao tinha sido daquela vez, mas pŕa mim foi e foi muito doido, entrei na sala, a entrevistadora me descascou, que minha postura não é adequada, que parece que eu estava lá de brincadeira, que nao era nem pra eu ter me inscrito se não tinha formação em tecnologia e bla bla bla, ali rolou aquela lagrima velada e a engolida seca, agradeci e estava pra me levantar da cadeira e o Osiris falou, espera, não acabou, pensei caralho, vai me por mais pŕa baixo ainda, mas não ele falou com um ar de "vou te dar o beneficio da dúvida", que embora eles 3 concordassem com o que - cara, não lembro o nome da japa, vou ter que perguntar pro michel - ela disse, eles acharam que eu tinha grande potencial e que seria dado um treinamento a todos que fossem ṕra Brasilia trabalhar na Diretoria de Tecnologia (DITEC) pois quase nada do que se ensina na faculdade era utilizado por lá. Parabéns Buga, voce esta aprovado, quando finalizarmos o processo entramos em contato.

Nesse meio tempo, acabei saindo da agencia do Dom Pedro e voltado pra Barão de Itapura, tinham inventado no TAO um sistema de remoção automatica e lá fui eu trabalhar num PAB dentro do elefante branco CTI Renato Archer lá na Dom Pedro, num belo dia a Paula me liga perguntando se eu ainda estava a fim de ir pra Brasilia, já devia ter passado um ano da entrevista em Curitiba, não tinha desencanado, mas estava com poucas esperanças... respondi que precisava de uns dias pra pensar, conversei com minha mãe, com o Allan, com meu pai e com a Ju e ficamos assim, o seu Irá ia cuidar da fabrica, a Ju ia terminar a residencia e eu em Janeiro ia pra Brasilia trabalhar na Ditec!

A Ju descolou um republica no Cruzeiro de um menino da Unb pra eu morar e lá fomos nós de carro levando tudo que coube no Uninho e que eu fosse precisar nos proximos meses, Chegamos em Brasilia num dia chuvoso, cai num buraco, entortou a roda, tive que trocar o pneu na chuva, nao tinha waze ainda, google maps idem, na real nem lembro como que conseguimos chegar no apartamento do cruzeiro. Sei que não fui uma bela impressão que tive da cidade nesse meu primeiro contato.

No treinamento conheci mais um monte de colegas que tinham acabado de largar tudo pra trás e assim como eu se aventurado no planalto central, eu diferente dos demais, tinha caido de paraquedas, afinal não tinha formação ou conhecimento de informatica. O treinamento foi longo e bem completo, sai de lá com muitos amigos - que nos acompanharam todos os anos que tivemos em Brasilia - e como um desenvolvedor mainframe!... Sabia JCL, Cobol, DB2, Natural, sabia usar o Roscoe e apertar F1 se tivesse alguma duvida no TSO, alguns instrutores eram muito bons, outros nem tanto, tiveram provas bem difíceis, programas elaborados, testes, palestras, apresentações, posso dizer que foi um belo dum aprendizado. 

Saindo do treinamento fui parar na equipe do autorizador, fiquei com medo, me disseram que era o coração do sistema, naquele ponto a gente já tinha um conhecimento do que era o sistema VIP pois ledo engano quase todos do curso iriamos trabalhar com cartão e assistimos algumas palestras sobre o sistema, nunca me imaginei com tanta responsabilidade, basicamente os módulos que eu trabalharia são os responsáveis por aprovar ou não uma compŕa com o cartão de qualquer cliente do Banco do Brasil.

O que mais devo ter feito na Ditec foram cursos, cara, como eu estudei, aprendi como que funcionava o sistema de pagamentos com cartões, fiquei craque na ISO8583, aprendi como funciona o chip do cartao, criptografia, assembler de mainframe, GRI, CICS, DB2, VSAM e mais uma salada de letrinhas, aprendi a usar os simuladores de transações das bandeiras (bandeiras são a Visa, Mastercard) quando entrei tinha só essas duas, depois fizemos o sistema processar Amex que nem tem mais, algum tempo depois surgiram com a bandeira Elo, foram muitos anos de aprendizado e trabalho duro.

Tive promoção seguida de promoção, não acredito que só por mérito, estava no lugar certo na hora certa, e o santo do chefe Mané bateu legal com o meu, tinha gente que nao curtia ele não, eu achava um cara justo, as vezes meio escroto, mas dava pra levar numa boa... talvez algumas madrugadas com o Luizinho junto vendo a dedicação da equipe, enfim, a gente era muito phoda e a galera de cima sabia disso e nos recompensou, na equipe do autorizador depois de 2 anos que eu estava lá, todos nós já estavamos com cargo de analista senior. 

Figura 3 - Convite comemoração promoção/aniversário do Buga 

Iamos pra Sao Paulo participar de treinamentos com as bandeiras, reunioes na Visanet e na Redecard, testes na TecBan, cheguei a ir pros Estados Unidos com o Perez, ali foi o ápice da minha carreira e a certeza que quando o Cabelo aposentasse eu ficaria com a vaga de consultor dele, afinal pra gerente eu nunca tive o "perfil". 

Me especializei de um tanto que ainda hoje consigo lembrar de trechos do código dos programas OFOVPIN (que um dia achei que iria reescreve-lo), das chamadas com start de transacao com reqid para derrubar e seguir depois de 1 segundo (será que o CICS já baixou esse tempo, preciso estudar isso) se nao tivemos resposta, do OFOVCTL e a trilha 2 compactada que era um parto pra abrir e processar o CVV da trilha, do OFOMCTL... e seu clone limpinho que fizemos pra processar Amex OFOACTL e depois pra processar elo, o OFOECTL, muito criativos nós eramos para os nomes! Lembro de campos nos books FMLxx, das telas do OFCJ, de mapas BMS feitos para parecer identicos a um mapa feito no natural, dos experimentos com programas em C que quse ninguem usava, do book GRMKFAS, muito firmeza pra ajudar nosso trabalho com novos programas e log automatico de erros ou mesmo as subrotinas que pediamos pra equipe do Nakanishi desenvolver pra gente. 

Creio que hoje no Brasil não existam nem 30 profissionais que detenham conhecimento similar ao meu no Vision Plus que sejam especializados no FAS, mas isso não significa nada, para a empresa, como já disse, voce é apenas um número mais nada.

A perda do Naffer foi um grande baque, era um profissional fantastico, muito do que aprendi veio dele, sem falar que ele sempre me acompanhava nas madrugadas de implantações. 

Figura 4 - Tinha dia que a gente trabalhava bastante mesmo!

O Vinicius nasceu, falei que meu ritmo iria diminuir, logo depois o Perez aposentou e com ele a vaga de Analista Master / Consultor foi junto, fui perdendo um pouco do entusiasmo, do tesão pela coisa, perdendo a garra, continuava dando treinamentos, ensinando o que eu sabia pro colegas, conheci praticamente a Ditec toda com essa historia de multiplicador, isso eu ainda gostava de fazer, nao tinha mais a cenoura lá na frente pra ir buscar e isso me incomodava, estava prestes a ter mais uma daquelas reviravoltas na vida!...  

Aparece na agencia de noticias processo seletivo pra trabalhar na tecnologia em Sáo Paulo, eu já tinha pedido ao longo dos anos pra voltar pra sampa, mas a galera sempre me ajudando com a cenoura la na frente e fomos ficando, já tinha ido pra Sao Paulo algumas vezes pra ensinar Cobol Cics com Container pro pessoal e pensado que um dia poderia ir trabalhar lá..,agora nao ia ter mais jeito, a Ju nunca gostou mesmo de Brasilia, meu tesão tinha diminuido um montão, me inscrevi pra seleção, mesmo cargo que eu tinha mas pra trampar em sampa, fiz o processo, passei, em Dezembro estavamos de volta a Campinas e em Janeiro comecei uma das fases que mais me fodi na vida...

O trampo era de boas, pessoas sensacionais, sem muitos desafios, sem plantao, sem trabalhar de madrugada, sem a Dicar ligando pra analisar alguma coisa urgente, sem treinamentos nas bandeiras, mas com uma pegada diferente, acharam que eu tinha pinta pra educador corporativo, era tipo um premio de consolação por nao ter sido promovido la em Brasilia e quando eu desse treinamentos minha remuneração seria compativel com a do cargo de consultor... no ano que passei em São Paulo aprimorei os treinamentos que eu dava, fiz inumeros treinamentos e virei o tal do Educador Corporativo, apice 2 da carreira, daria pra ficar lá até aposentar, fazia o trampo direitinho, chegava no horario, o pessoal foi bem acolhedor, mas o estilo era outro, nunca fui num happy hour com a equipe de São Paulo, num churrasco, o pessoal era colega de trabalho, não amigo, igual os que fiz na época da agencia e lá na Ditec, estava complicado minha cabeça, nao ficava o tempo que eu queria ficar com o Vinny, o tempo perdido no fretado e no Cometa me tiravam do sério, não aguentei o tranco, achei que ia ser tranquilo morar em campinas e trabalhar em sao paulo, mas nao dei conta não, depois de um ano, fiquei tristão, deprimi e vi que precisava de um tempo. O Paulo Vaz entendeu completamente meu pedido de afastamento do banco e um ano depois da minha chegada estava eu de licença interesse nao remunerada do Banco do Brasil.

Tentei voltar algumas vezes desde que sai, mas nunca deu certo.... Em Janeiro de 2020, ao inves de eu tentar voltar, o banco resolveu que eu voltaria, mas não pra trabalhar com tecnologia, onde passei 10 anos e conheço o oficio e que aprimorei bastante os conhecimentos nos ultimos anos... era para trabalhar de escritutario em uma agencia em São Paulo, como já disse nunca tive uma carreira, fui na onda, mas voltar pra estaca zero depois de 20 anos nao ia dar, se fosse aqui por Campinas talvez tivesse voltado, afinal pra ganhar 4 conto por mes fazendo uns apertos até que daria, mas pra sampa e eu lembrava bem do tempo que fiz a loucura de ir e voltar todo dia sem chance.

Na maioria do tempo que fiquei no banco me diverti a beça, aprendi muito mesmo, conheci pessoas fantasticas, tive alguns dessabores, mas não acho que minha "carreira" deveria terminar assim.

Figura 5 - Crachas do Buga no BB

E-mail que enviei depois que tentei conversar com alguem de gestao de pessoas, tentando alguma alternativas, mas foi em vão, afinal era eu, apenas um numero, mais nada.

Minha história no BB não deveria terminar assim...

Saudações,

Meu nome é Buga e escrevo esse e-mail com lágrimas nos olhos.

Entrei no BB em 2001 e estou em licença interesse desde 2015. Certa vez fiquei desempregado e tentei retornar ao BB. Conseguimos o "de acordo" das pessoas necessárias, mas infelizmente ocorreram mudanças no banco e não foi possível.

Eis que de repente recebo uma convocação para voltar. Infelizmente nas condições propostas não será possível: morar em outra cidade, começar tudo de novo, jogar fora toda minha experiência adquirida em TI tanto no BB como "no mercado", sem mencionar que as contas não fechariam e a minha família seria resistente a mais uma mudança.

Sou grato pelos anos que passei no BB e espero que as políticas e normativos sejam revistos para que a empresa não perca outros funcionários que investiram tanto na formação e que conhecem alguns sistemas, produtos e serviços como poucos.

Não pretendia escrever sobre minha história no Banco do Brasil ou depois dele, mas já escutei que minha saída do Banco é uma situação em que todos perdem, e no fundo eu acredito que isso seja verdade.

Desde que fui para a DITEC em 2006 sempre trabalhei no autorizador do cartão de crédito (cujo uso crescia rapidamente), sistema fascinante! Trabalhávamos muito, mas éramos a cara do BB para cliente. Perdi a conta das madrugadas, finais de semana, feriados e datas comemorativas que ficavamos tensos trabalhando para que tudo desse certo. Participei de projetos grandiosos e sempre me realizei quando via o resultado final!... Saudades do pessoal e por vezes, por que não, do proprio sistema, seja ele o GRM, o VisionPlus ou mesmo o PPG.

Ainda sobre minha formação: o TAO ainda deve existir e uma das poucas coisas que deve ter mudado no meu "curriculo" é que deixei de ser educador corporativo (adorei o treinamento, um dos mais intensos que já participei) provavelmente a regra/normativo não deve ter mudado e como não atuei ensinando mais ninguém a desenvolver em Cobol no BB nos ultimos 2 anos, precisaria de reciclagem.

Nos anos fora do BB não parei de estudar. Fiz uma pós graduação em desenvolvimento de sistemas mainframe com o pessoal do extinto HSBC lá de Curitiba, e uma dúzia (sem exagero) de certificações em TI das mais variadas (meu curriculo vai em anexo) desde especificação de requisitos - que esta fora de moda com as Metodologias Ágeis - passando por certificação Scrum, Lean, de testes e até uma aventura pelo mundo da nuvem que me deu o titulo de "Google certified Professional Cloud Architect" o qual para alguém que sempre trabalhou e se especializou em mainframes me dá orgulho.

Como o Mainframe não podia ser deixado de lado no meu período fora do BB tive duas passagens pela IBM, aprendi bastante coisa nova sobre mainframes, aproveitei e me certifiquei como desenvolvedor CICS e DB2 além de umas 2 dúzias de badges de treinamentos diversos (sem exagero 2).

Em relação ao trabalho fora, além da IBM que já citei, trabalhei na Stefanini como consultor mainframe na fábrica de software, onde dava treinamentos para estagiários que estavam adentrando o mundo do mainframe.... Tive também uma experiência magnifica de transformação digital junto a CI&T que tinha como mote ensinar outras empresas a trabalhar com as metodologias ágeis.

Obrigado pelo tempo e atenção dispensada, espero de verdade que em algum momento nos processos do Banco deixemos de ser apenas uma "matrícula inativa" e que tenhamos nossa historia levada em consideração.

Não era de minha intenção a saída definitiva do banco nesse momento e foi muito desagradável receber um e-mail dizendo simplesmente que eu "posso pedir minha demissão na minha agência de relacionamento."

Me afastei do BB na época por motivos familiares de adaptação e não por não gostar do meu trabalho. Gostaria sinceramente que esse tipo de resposta que recebi dos contatos que tive com o pessoal da DIPES/GEPES não fossem enviadas para mais ninguém...

Fui,
Buga

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

GoogleCard e a GoogleNet - O Google vai dominar o mundo!

Bancos, novas tecnologias e o futuro dos meios de pagamento

 Hoje (31.10.2014) li uma entrevista de Natália Flach, na Istoé Dinheiro intitulado “Os bancos não sobreviverão às novas tecnologias” que entrevista o senhor Philip G. Heasley, dono do BASE 24 (uma das poucas soluções existentes no mercado para o processamento/autorização de cartões de crédito).

Como sempre trabalhei com sistemas de pagamento (atualmente utilizo o Vision Plus), posso dizer que possuo um pouco de conhecimento sobre o assunto e fiquei tentado a emitir meus comentários acerca do que acho ser o futuro dos meios de pagamentos. Devo admitir que não vejo um futuro muito promissor!

Primeiramente penso, sem chances de estar errado, que o dinheiro físico (papel moeda) jamais deixará de existir! Existem inúmeras características do papel moeda que farão com que ele seja eterno, não citarei nenhuma delas aqui a não ser a que jamais conseguirá ser superada pelos meios digitais de pagamento que é a impessoalidade. E creio que seja esse o motivo principal de sua perenidade, mas falaremos sobre as novas tecnologias.

Quando comecei a trabalhar com meios de pagamentos, e entendi sua arquitetura logo de cara percebi que a atual configuração estava com os dias contados (e isso já faz uma década). Tentei vender essa ideia, mas como quem trabalha nesse meio é muito avesso a mudanças, afinal o sistema é assim, esta assim, sempre foi assim e funciona assim há décadas. A simples ideia de uma mudança no cerne do negócio jamais seria bem vista e desse modo minha ideia foi rechaçada como deveria! 

Afinal, não tem porque mexer em time que esta ganhando! - Deve ser essa frase que a equipe de desenvolvimento da Kodak, que inventou a câmera digital deve ter recebido das outras áreas – Simplesmente não fui ouvido, ignorado, deixado de lado com minha visão obvia de futuro. Talvez com o dono do BASE 24 (que deve representar uns 30% dos autorizadores de cartão de crédito rodando no Brasil) falando sobre isso, talvez, agora eu tenha minhas ideias discutidas.

A tecnologia disruptiva para os meios de pagamento já esta em uso, porém ainda não atingiu escala e os ‘players’ ainda não conseguiram enxergar suas consequências!

Basicamente os sistemas das três grandes marcas (bandeiras) de cartões de crédito globais (VISA, MasterCard e American Express) se baseiam em redes de computadores que interligam todos os participantes do processo de autorização de uma transação de cartão de crédito/débito. Isso significa o que? Que o banco emissor do cartão, o adquirente da transação (empresa que afiliou o lojista, é no Brasil a dona da maquininha) e a bandeira fazem parte dessa rede. Mas a pergunta principal é o que essa rede faz!...

Como já disse ela conecta essas pontas do sistema e faz com que um cliente do Banco X detentor de um cartão da bandeira Y consiga comprar um produto/serviço ou sacar dinheiro em qualquer lugar do mundo (desde que esse lugar possua um POS/PDV – maquininha ou terminal de saque conectado a algum adquirente, que por sua vez esta conectado a bandeira que por sua vez conecta os bancos).

Todo esse sistema é muito arcaico! Arcaico mesmo, coisa de três décadas de idade, sempre passando por evoluções agregando o melhor da tecnologia da época, coisa de vanguarda mesmo!  O processamento é veloz! Para se ter uma ideia, uma linha dedicada de 256kbps era o máximo de velocidade para transmissão de dados existente no planeta em 1980 e elas foram utilizadas nas redes, e acredite ou não ainda existem muitos links com essas velocidades em uso ainda hoje!  E no modelo atual devo dizer que não é necessário nada mais que isso!

Essas redes em muitos de seus pontos ainda operam com essa magnífica velocidade que é ¼ da menor velocidade comercializada hoje no Brasil como banda larga!

Mas como já disse, tudo bem, não precisa mais que isso, afinal cada mensagem de compra ou saque dificilmente excede 1kb de dados, isso mesmo! 1000 bytes, uma foto hoje em baixa resolução repassada no seu grupo de discussões do WhatsApp tem no mínimo uns 30kb! 30 vezes mais! O que isso significa? Que os dados que são transmitidos e utilizados para a aprovação de uma transação com cartão de crédito são minimalistas, só possuem os dados mínimos necessários para que o banco emissor possa ter uma base razoável para aprovar a transação dentro de alguns limites de segurança. Para se ter uma ideia, o padrão internacional em uso para as mensagens (a ISO8583 versão 1 é de 1987 sendo sua ultima revisão em 1993) já tem mais de 20 anos que sofreu sua última atualização, é praticamente um dinossauro a beira da extinção!

A tarja magnética ainda impera nos Estados Unidos mas deixará de existir em breve por mudanças obrigatórias exigidas pelas bandeiras (fraudes em alta, começou a ficar mais caro bancar as fraudes a evoluir o parque tecnológico inteiro), e será substituída pelo maravilhoso CHIP um processador criptográfico magnifico que permite a execução de transações muito mais seguras (com impostação de senha e geração de criptogramas com o sensacional algoritmo de criptografia 3DES) e por vezes de maneira totalmente off-line e sem contato! Simplesmente Incrível! Parece com seu Bilhete de Transporte! (essa foi outra miopia que os bancos e as bandeiras simplesmente deixaram passar, hoje ainda estão correndo atrás, mas perderam o timing!)

O chip é uma tecnologia muito superior à tarja magnética e ao próprio ISO8583 (seu padrão, o EMV foi publicado primeiramente em 1996, sua última versão é de 2011), mas para os padrões de tecnologia existentes atualmente já é algo totalmente ultrapassado. Digo isso, pois, qualquer smartphone é capaz de realizar todas as funções do chip EMV sem grandes dificuldades e em breve todos possuirão um smartphone.

O smartphone substituirá o chip, a trilha magnética, o cartão de segurança do seu banco enfim, para nossos termos práticos, ele substituirá seu cartão. No final das contas ele será o seu validador (os 3 pilares da segurança : o que você é, o que você sabe e o que você possui estarão todas embarcadas no seu celular). Mas para que esse cenário aconteça, muitos paradigmas devem ser quebrados, e infelizmente essa mudança será abrupta e catastrófica!...

A atual evolução dos celulares com tecnologia NFC para transações sem contato já nasceu superada pelas conexões WiFi e 3G/4G ou qualquer substituto a altura. O grande movimento acontecerá, como o pessoal atualmente adora comentar, na nuvem! A evolução que foi vista com o ApplePay é apenas uma das últimas tentativas de dar fôlego extra ao atual sistema de pagamentos, é uma bola extra. Por mais que a evolução seja fantástica ela ainda esta baseada no mesmo sistema de 30 anos atrás no qual existe um ‘plástico’ (cartão) ainda que virtual associado ao pagamento que será realizado! Isso não tem mais a menor razão de existir!

Não quero entrar no mérito de todas as 3 maiores bandeiras serem americanas e em caso de desaparecimento as consequências serão nefastas para toda aquela economia e provavelmente antes de minhas previsões se concretizarem os cenários políticos e econômicos deverão passar por uma mudança significativa, pois como esta (há algumas décadas) o regulador do sistema agirá para que tudo continue na mesma toada.

Não penso como o Sr. Philip, que os bancos não sobreviverão às novas tecnologias, penso que o sistema de pagamentos como um todo deixará de existir! O modelo adotado há décadas sucumbirá quando os bancos perceberem que não precisam mais dos adquirentes, bandeiras ou o que quer que esteja no meio do caminho entre o comprador e o vendedor.

Caso a tecnologia disruptiva de conectar tudo e todos - que já existe hoje - não venha a ser implantada para os meios de pagamento (conectando o ponto A ao B sem nenhum intermediário, que abocanhe uma vultosa fatia monetária) será uma excelente caso de estudo onde as 5 forças de Porter simplesmente não exercem poder algum. Com exceção da rivalidade entre os concorrentes (que embora pareça existir cada bandeira conhece seu lugar e convivem em harmonia) , todas as outras forças desde o poder de negociação dos fornecedores, poder de negociação dos clientes, ameaça de novos entrantes e ameaça de produtos substituto estão em xeque .

Os bancos (pelo menos no Brasil) não terão muito que temer, apenas uma ligeira queda no faturamento referente aos cartões de credito e olhe lá, o cenário que vejo é sombrio!

Segue:

O grande trunfo da VISA, MasterCard, AMEX - como já mencionado - era e ainda é, suas redes globais que conectam o portador de um cartão com seu banco permitindo a realização de transações em qualquer ponto do planeta. Esse grande trunfo talvez seja a maior miopia do negócio de meios de pagamento. Há mais de uma década a internet já consegue conectar tudo e todos!  

Só para ilustrar a fragilidade do negócio, as redes das 3 bandeiras podem e passam transações das outras, isso mesmo, é possível que um compra com cartão MasterCard trafegue na rede da Visa e vice versa!  Não comentarei sobre a Visa e a Visa Europa, ao leitor curioso sugiro que faça uma pesquisa.... Para finalizar imagine que o Google decida entrar nesse mercado, com sua estrutura sem muitos ajustes de tecnologia ele atuaria logo de entrada como adquirente e bandeira podendo por mais incrível que possa parecer unificar todos os cartões do mundo sob sua carteira, digamos assim, seu cartão é VISA, Dinners, Union Pay, não importa ele será um GoogleCard, mas não acho que o Google tenha essa intenção.

Aqui no Brasil possuímos um sistema (controlado pelo Banco Central chamado Sistema de Pagamento Brasileiro) que permite a transferência “instantânea” de fundos de um banco para o outro há mais de uma década, mas digo que algo totalmente novo e ululante chegará para mudar os alicerces do sistema embora a possibilidade desse sistema atuar como bandeira já que conecta todos os bancos brasileiros não é remota.

Recapitulando, a tecnologia disruptiva do processo será a conexão do usuário diretamente com seu banco e do seu banco para o banco de quem precisa receber o dinheiro tudo on-line sem ninguém no meio! Algo parecido – em funcionalidade - com você indo viajar para o exterior e seu celular funcionar normalmente durante sua viagem!

Quando for atingido esse estágio, corram para as montanhas! Será algo parecido com a derrocada da BlockBuster! Em poucos anos marcas de renome, quase seculares, empresas que empregavam milhares de funcionários, “geravam” bilhões de lucro, transacionavam trilhões por suas redes simplesmente serão parte da história! Muitos dos “players” do atual cenário de meios de pagamento deixarão de existir e estarão ao lado de grandes figuras como o Cheque Eletrônico, o ressuscitado ELO, o RedeShop!

Agora o exemplo para ficar bem ilustrado o pensamento.

Vou pagar o cafezinho na padaria.

1 - Saco minha carteira, pego uma nota de 50, falo meu cpf (para sair na notinha e eu receber parte do imposto de volta), pego o troco e a notinha (ou nem isso) e vou embora.  O dono da padaria recebe o dinheiro na hora e sem descontos (mas dinheiro vivo e no Brasil isso acaba gerando outros problemas que não serão mencionados nesse texto)!

2 - Saco minha carteira, pego o cartão, ele é inserido na maquininha, sou indagado se quero crédito ou débito, informa-se o valor e aguardamos a inserção da senha e a saída do slip (papel que sai da maquininha/POS), falo meu cpf e pego a notinha e minha via do slip. O dono da padaria recebe o dinheiro a partir de depois de amanhã até 30 dias na sua conta e tem num desconto médio de 4%. Se paguei no débito o dinheiro já saiu da minha conta, se era um cartão pré-pago já saiu há mais tempo ainda e se for cartão de crédito no fim do mês pago a fatura!...

Exemplo de hoje, mas amanhã

3 – Passo minha carteira no leitor do caixa da padaria (dentro dela existe um cartão com tecnologia revolucionária que permite que a transação aconteça sem contato direto e sem impostação de senha), falo meu cpf, pego meu cupom fiscal e a via do slip e vou embora! (Afinal preciso dos papéis! Nem que seja para jogar fora daqui a pouco). O dono da padaria recebe o dinheiro nas mesmas formas do item 2 e ele sai do meu bolso da mesma forma.

4 – Passo meu celular no leitor do caixa da padaria (antes disso tenho que selecionar algum aplicativo e informar o que quero fazer). Falo meu cpf, pego meu cupom fiscal e a via do slip e vou embora! Tanto eu como o dono da padaria continuamos com o esquema de troca de fundos do item 2.

A disruptura.

As opções 3 e 4 ainda estão associadas a um cartão de crédito/débito o que não é mais necessário, e não é necessário há muitos anos! Mas por razões históricas as evoluções seguem sempre em cima da mesma tecnologia de 30 anos atrás da ISO8583 e das magnificas redes de comunicação das bandeiras!

O fim dos tempos acontecerá quando eu informar diretamente pro meu banco o que quero fazer e esse transferirá automaticamente o valor para o dono da padaria sem intermediários que não sejam os próprios bancos! Os bancos vão continuar existindo o que o senhor Philip G. Heasley não viu é que o negócio todo dos meios de pagamento como o conhecemos e como ele evoluiu é que esta à beira da extinção!

Exemplo que verei quando o fim dos dias chegar!

5 - Passo meu celular no leitor do caixa da padaria e pronto! O dono da padaria recebe o dinheiro na hora na conta corrente do banco que ele possui conta e meus recibos chegaram por e-mail ou consultarei no site da fazenda (o cupom/nota fiscal) e/ou no site do meu banco o que seria o análogo ao slip.

Exemplo da ficção cientifica

6 – Passo meu dedão, digo pra pagar ou simplesmente saio pelo caixa (fui previamente escaneado e identificado automaticamente) e tudo esta resolvido!...

O exemplo 6 não chegarei a ver, mas o 5 creio que em poucas décadas estará em funcionamento, a interligação entre os bancos já existe via banco central, mas pode ser que no novo arranjo os bancos se interliguem uns aos outros sem a necessidade de outra entidade.

Dúvidas, críticas e sugestões são bem aceitas. Adoraria discutir o tema tomando um chopp e comendo uma coxinha! Aceito convites!