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quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

livro livro porks - Contribuição do Julio - Testemunha de Jeova

Encontro Inusitado: Ciência, Religião e Coincidência

Hoje aconteceu-me algo deveras curioso. Estava eu lendo jornal na sala qd ouvi alguém bater palma no portão. Fui atender e olhando por uma janelinha do muro perguntei o que o cidadão desejava. Ele disse:

  -O senhor podeira abrir o portão para a gente conversar

  -E por acaso do que se trata - disse eu

  -É sobre a bíblia

  -Obrigado mas eu não tenho interesse.

  -O sr não tem religião?

  -Não

  -Mas o sr acredita em Deus?

  -Também não

  -Mas em que o sr acredita?

  -Eu acredito na ciência.

  -O sr é um cientista?...

  -Sou médico

  -Que bacana, eu sou físico

   Neste momento lembrei-me das palavras do meu pai e pensei que talvez valesse a pena ouvir algo que viesse desse cara, sem compromisso. Físico carola era novidade pra mim.

   Abri o portão e comecei a conversar o sujeito de + ou - 1,60 camisa de cobrador de ônibus e um lindo bigode.

  Nos apresentamos e em dois segundos esqueci o seu nome, lógico, na verdade acho que nem cheguei a ouvir ou ao menos nem prestei atenção.

  Começamos a conversar e ele me disse:

  -Como pode um médico não acreditar em Deus?

   Então eu disse: -Pois eu só abri o portão justamente para perguntar-lhe como é que pode um físico ACREDITAR em Deus?

   Ele deu risada e realmente não levou a mal a minha pergunta, pq se começasse a se comportar como um fanático incapaz de conversar ia ganhar uma bela porta no nariz.... Resolvi retribuir a atitude e olhar para aquele ser vestido de trabalhador do transporte público com menos preconceito do que o habitual.

  Esqueci de dizer que o nosso missionário estava acompanhado de um indivíduo de mais ou menos 1,90, facies de polaco cortador de cana do Paraná e talvez por ser tão desinteressante e visivelmente menos culto e com pior oratória nem lhe dei muita atenção. Mais tarde viria eu a descobrir que seu nome era José Carlos.

   Continuamos eu e o cobrador de ônibus a conversar, ele me contou que se formou em São Carlos, contei-lhe que sou ex-estudante de engenharia, falamos sobre ciência, medicina, religião, doação de sangue, entre muitos outros.... Ele, com um conhecimento impressionante do pequeno livro preto em suas mãos e com uma rapidez para encontrar textos no livro relacionados ao assunto sobre o qual versávamos muito maior do que a minha velocidade para achar o "A" no dicionário, tentava sempre me trazer para o caminho da salvação.

   Percebendo que o pequeno pregador me chamava pelo nome a todo instante resolvi, por educação perguntar-lhe:

  -Me desculpe, mas eu esqueci o nemo do sr?

 Qual não foi minha confusão qd ele me respondeu:

 -Sinézio.

   Revirando o imenso baú da memória e viajando por volta de oito anos atrás cheguei ao seguinte pensamento: Os únicos seres humanos que conheço com esse nome são a excelentíssima dona Sinézia, mãe do Paraguai, e um antigo professor de termodinâmica dos tempos de EQ.

   -O sr disse que é físico?...

   -Sim

   -Por acaso já deu aula na Unicamp?

   -Sim sou professor.

   -Acho que fui seu aluno.

-Vc fez EQ?

-Sim

  Não acreditava, o velho Sinézio virou crente desses que nos acordam aos fins de semana qd queremos dormir até mais tarde. Conversamos mais um pouco e então dispensei-lhe pq já tava chegando a hora do almoço. Mas foi uma manhã de sábado bem diferente das habituais, no mínimo interessante. E aprendi uma lição.

  Calma, não virei testemunha de Jeová. Nem mesmo ele me convenceu de acreditar em Deus. 

  A lição que eu aprendi é que sendo menos preconceituoso e ao invés de conversar pela janelinha eu abrir o portão, não necessariamente minha vida vai mudar mas posso ao menos ter uma boa conversa num sábado de manhã.

Abraços saudosos, Julio.