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terça-feira, 2 de junho de 2015

livro livro porks - o dia do bilhar

O Dia do Bilhar

Antes de iniciarmos nosso conto devo informar ao leitor que ele é baseado em uma historia real, todos seus participantes estão cientes dos fatos aqui apresentados, afinal participaram da historia e colaboraram na elaboração desse engodo.

A historia aqui narrada aconteceu em meados de junho, todos seu integrantes são maiores de idade, sem antecedentes criminais e universitários, exceto o Julio, que abandonara a faculdade naquele semestre e agora tornara-se vestibulando. São eles (em ordem alfabética): BJ, Buga, Julio, Paragua e o Toro, não direi que são amigos de infância, pois se conheciam a pouco mais de um ano, mas para eles o tempo pouco importava, todos se consideravam irmãos e dos bons.

Denominavam-se “pork’s”, e na realidade os caras são, você verá ao longo desse conto... Não explicarei aqui o porque do nome, veja o filme e tire suas próprias conclusões.

Tudo começou quando o Toro ouvira falar de um barzinho que havia inaugurado a poucos dias, um bar um tanto eclético, meio gótico chamado “The Bloody Coven Bar”, desde a inauguração do bar ele enchia o saco dos pork’s para irem nesse tal de Coven “Pô, vamos ao Coven, Veio!”. De tanto falar os caras toparam, tudo aconteceu numa terça feira...

Estavam previamente combinados de visitarem o recinto o BJ, o Toro e o Paragua, como não podia faltar, ligaram para o Buga (de vez em quando ele não bebe e tem carro) o qual nessa altura do campeonato via uma aula por semana com os caras, e olhe lá! Buga apareceu no quartel general (casa do BJ) e então se dirigiram para o tão famoso... Foram de BugaMovel, pois o Buga foi o motorista “escolhido” do dia e não iria beber.

Dirigiram-se então para o barzinho, chegando lá a grande surpresa, o bar encontrava-se fechado, isso mesmo, fechado com o portão fechado, tudo apagado... Acharam muito estranho, o horário não era cedo (por volta de 9:40), para não perder a viajem, analisaram o lugar, parecia muito louco, com um tumulo no jardim, tudo escuro e sem ninguém, como já saíram da casa do BJ meio altos, ficaram em coro chamando os vampiros, mas nada deles saírem...

Uma faixa muito bonita estava na porta do bar, como precisavam de algo para mostrar que tinham ido ao lugar, levaram a faixa como um prova de terem passado pelo recinto. Muito insatisfeitos com a casa fechada, lembraram do Julio, que era o rei em dar “relaxos” (como eles mesmo comentavam), dito e feito, passaram na casa do Julio e foram informados pela Dona Ana (mãe do Julio) que ele estava no cursinho, mas já estaria chegando, aguardaram.

Julio chega poucos minutos depois com um dogão, aqueles de duas salsichas por um real, seus companheiros nem ao menos o deixam entrar em casa, simplesmente o raptam para um destino incerto.

E ai? Aonde vocês vão? – Julio faz sua primeira pergunta. “Seilá” - a galera responde, “oh, vamos jogar bilhar”, alguém teve a grande idéia, até ai tudo bem, o difícil era saber aonde ir. Deveriam ter ido ao Chaplin na Norte-Sul, mas nada disso, dirigiram-se para o bilhar mais podre de Campinas e Região, perto do Taquaral, um galpão caindo aos pedaços, pouco iluminado e servindo chopp Germânia...

Os caras não são nenhum Rui Chapéu, jogam bem, mas não é tudo isso, o pior e o Buga, tem que ver a maneira com que ele joga, é jeito de viado como diz o Julio. Pegaram umas cinco fichas de bilhar e umas cervejas para acompanhar, jogo vai, cerva vai... Ate que o Buga diz “cansei vamos jogar pimbolim“, ai que começou a diversão! Compraram uma única ficha de pimbolim, colocaram um boné em cada gol e jogaram ate os pulsos doerem por 50 centavos...

Jogaram mais uma partida de bilhar, fecharam a conta e saíram na boa, ao entrarem no carro contam os brindes: uma bola 8 guentada no bolso da jaqueta pelo Paragua, uma bola de pimbolim também da mesma fonte, um copo de cerveja tungado pelo BJ e dois cinzeiros pegos pelo Buga. Naquela noite como o leitor pode perceber eles estavam empolgados para pegar souveniers.... E ai vamos pra onde? A indagação foi geral, isso o relógio batia uma da manhã... Ah seilá vamos comer alguma coisa. Beleza, saíram a vagar pela linda e formosa cidade de Campinas, onde nada há para se fazer numa terça-feira, a procura de comida foram incorporando mais souveniers, placas de transito, pneus e cones de sinalização, e o porta-malas do BugaMovel foi-se enchendo...

Eis que passam por uma rua no bairro Cambuí, uma esquina linda de uma loja de moveis toda envidraçada todinha iluminada por dentro e a rua um breu só, dito e feito, Buga para o carro, apaga as luzes e adivinhem bola 8 no vidro. BJ estava no banco da frente, saiu normalmente do carro parou na calcada, com a bola 8 na mão, entre ele e a vidraça nada mais que uns 3 metros e eis que sai a bala...

Aquela parábola perfeita, ângulo de lançamento de 45 graus, todos acompanham a trajetória da bola, quadro a quadro, parecia ate que a bola nunca chegaria, foi um momento longo, ate que, “Pof” a bolinha bate na vidraça quiçá no chão e desce vagarosamente a calcada, a vidraça, nem um arranhão, eis que o Paraguai que estava no banco de trás sai do carro numa velocidade, gritando “Seu Japoneis Burro” e corre desesperado atrás da bolinha...

Agora vai! Paraguai recupera a bolinha, BJ entra no carro, BugaMovel ligado, com a porta aberta, pronta para a fuga, Paragua se posiciona a meio metro da vidraça e lança...

“Téin” foi a maior ricocheteada já vista, nada aconteceu no vidro, Buga sai em disparada e a risada e geral...

Não muito distante desse ponto carro em movimento, eis que o Toro diz “abaixa ai paragua” e mais um lançamento ocorre, dessa vez foi a bolinha de pimbolim indo direto na janela de um pobre coitado, essa foi certeira e o vidro não era blindado!

A noite estava ficando boa, embora não estivessem xapados estavam um pouco alegres. Dando uma volta pelo centro de convivência ainda a procura de comida, deparam-se com um amontoado de cadeiras de um restaurante, todas na calcada esperando para serem destruídas.

Como era de praxe quebrar era a lei, pararam o carro, desceram todos os elementos, exceto o buga que ficou de prontidão para a fuga, eis que só as risadas e pedaços de madeira voando, voltam para o carro o Julio e o Toro, cadê os cara pergunta Buga, já vem vindo, vem o Paragua gritando abre o porta mala buga... E Vem ele com uma cadeira na mão e tenta coloca-la no porta malas, como o porta malas já estava abarrotado de artigos diversos, tiveram a grande idéia de seguirem seu passeio com o porta malas aberto, imagine a cena, um citroen preto com 5 elementos dentro com o porta malas aberto e uma cadeira pra fora, foi demais!

Seguem a rotatória do centro de convivência, eis que surgem os coxinha (denominação carinhosa dada aos homens da lei) num corsinha vindo pela contra mão em alta velocidade ao cruzarem o bugamovel dão um cavalinho de pau e começam uma perseguição, nessa hora, todos pensam em apanhar muito e ficar preso uns dias...

Em situações desse tipo um segundo parece uma eternidade, o citroen em alta velocidade dobra a direita e toro diz, joga a cadeira, “push”, paragua joga a cadeira e Julio abaixa a tampa do porta malas, eis que ouvem... “Ai caralho, para Buga. Para!” Era Julio desesperado de dor por ter prendido sua mão enquanto fechava o porta malas. Todos em coro gritan, não para não buga, não para, guenta ai Julião.Descem a uns 120 por hora a rua da prefeitura, atravessam a avenida Anchieta como um raio, entram em umas quebradas e beleza, policia despistada, agora podem parar o carro, um pouco sossegados...

Julio fica a assoprar sua mão por muito tempo, e dizendo olha ta roxa, vai necrosar. Depois do susto foram só gargalhadas e reflexões sobre a fuga... Decidiram para de dar relaxo e quebrar tudo, mas ainda estavam com fome, lembraram de uma padaria 24 horas que fica no Castelo e pra lá se dirigiram.

Chegando lá o capeta decidiu testa-los pela ultima vez, estavam todos na boa, já haviam pedido seus respectivos lanches, pra falar a verdade, pediram 5 pães e 300 gramas de mortadela, sentados conversando sobre a noite e tal, escutam o “thu-thu-thu-tuuu” do freio a ar de algum caminhão ou ônibus, no caso era um ônibus, um cometão, lindão, mas ate ai ele nem haviam se ligado no que os esperava.

Depois de comerem os deliciosos lanches, saíram da padaria e ficaram esperando o Paragua que estava sem troco pagar a conta, e repararam que o cometão estava ligado, com os faróis acesos, pronto para ir dar uma voltinha com eles, olharam dentro da padoca e o bigode (motorista do buzão) estava sentado de costas pra rua tomando um cafezinho, nisso Paragua chega e todos olharam pra ele, muito rápido por sinal Paragua vira e diz, “nem fodendo, dessa vez e cana na certa”, “mas pêra ai” diz Buga, “oh Toro, se tem carteira C não tem?”

“Tenho, mas não rola, não estamos tão xapados assim, nos vamos é ser presos”.Ai a voz da sabedoria diz “Vamos embora, logo, quem sabe um outro dia”.

Entraram todos no carro e foram para casa.

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